Monday, August 21, 2006

Cigarros e chocolates.

Willy: “But Charlie, don't forget what happened to the man who suddenly got everything he always wanted.”
Charlie: “What happened?”
Willy: “He lived happily ever after.”

Tem filmes que marcam a nossa infância, mas que a gente não devia rever depois de adulto para não se decepcionar. Definitivamente, esse NÃO é o caso de A Fantástica Fábrica de Chocolates. Com 35 aninhos de idade, o filme continua mágico, inteligente e divertido. Talvez tudo isso se deva a um dos maiores e mais subestimados atores do cinema em todos os tempos: Gene Wilder. Seu Willy Wonka é tudo que o Johnny Depp não conseguiu ser no remake equivocado de Tim Burton. Cínico e carismático, provocando nas crianças (do filme e do público) dúvidas constantes sobre o que sentir em relação a ele. Cantando a singela Pure Imagination ao mesmo tempo em que arranca um fio de cabelo de Mike Teevee, o Wonka de Gene Wilder dá para a gente a primeira lição de natureza humana (sorry a todos os meus queridos professores, mas aprendi mais com ele). Nem herói nem vilão, e com atitudes surpreendentes a cada momento, o personagem mostra às crianças o que esperar dos adultos, inclusive dos pais. Mas o melhor é descobrir no final que ele é um grande cara, e que as crianças (com exceção do amável Charlie) é que são estúpidas e egoístas.
Vi esse filme a primeira vez que passou na TV (digamos que já faz um tempinho...) numa Sessão da Tarde Especial patrocinada pelos chocolates Garoto. Lembro que comecei a comprar alucinado esses chocolates na esperança de encontrar um cupom dourado (também foi minha primeira lição de marketing). No dia seguinte, todos os meus coleguinhas comentavam fascinados o filme que tinha mudado a vida de todo mundo. O rio de chocolate, os oompa-loompas... E eu só pensava na Veruca Salt. Mimada, mandona, egocêntrica. E minha primeira paixão.

Ivan Reitman produziu Clube dos Cafajestes (minha comédia favorita), dirigiu Os Caça-Fantasmas (não fica muito atrás) e agora apresenta mais uma produção de primeira: o filho Jason Reitman. O rapaz é o diretor de Obrigado por Fumar, uma das comédias mais inteligentes a aparecerem por aqui nos últimos tempos. Ao falar de um lobista da indústria do tabaco (o excelente Aaron Eckhart, guarde esse nome), o filme vai construindo toda uma expectativa sobre a hora em que o personagem vai passar por aquele clássico momento de redenção. O que acaba acontecendo, mas não nos termos esperados. E descobrimos que os valores de que o filme trata são outros. Diverte, questiona e faz a gente pensar sobre aqueles conceitos pré-estabelecidos que insistem em se alojar na nossa cabeça.

O Willy Wonka da fábrica de chocolates e o Nick Naylor da indústria do tabaco são, cada um a sua maneira, personagens que a gente não pára de questionar o tempo todo, mas que acabam nos ganhando no final. O motivo? São honestos com eles mesmos. O que já quer dizer muita coisa.

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