Tuesday, December 12, 2006

37. O Sol é para Todos (Robert Mulligan, 1962)


Esses tempos o American Film Institute escolheu os 50 maiores heróis do cinema. E o primeiro lugar não ficou nem com Indiana Jones nem com James Bond. O maior herói do cinema é um pai de família, que só ousa pegar numa arma pra atirar num cão raivoso que aparece um dia na rua. Atticus Finch é um advogado que mora em uma cidade do sul dos Estados Unidos durante a Grande Depressão. Viúvo, tem que criar o filho Jem e a filha Scout. E defender um negro acusado de estupro por uma típica white trash. A história é contada do ponto-de-vista das crianças. Talvez por isso, Atticus seja mostrado de uma forma tão idealizada. Gregory Peck, ele próprio um exemplo de retidão no mundinho não-tão-santo de Hollywood, entrega uma das maiores atuações do cinema. E nos faz crer que seres humanos perfeitos não existem só na ficção. Eu acredito em Atticus Finch.

Tuesday, December 05, 2006

38. Touro Indomável (Martin Scorsese, 1980)


Quando Jake La Motta chega ao fundo do poço, ele começa a socar a parede da cela onde está preso. É desse jeito que o boxeador reage a todas as situações na sua vida: com violência. Ok, sejamos justos: nos seus melhores dias, La Motta se limita a ser agressivo. É por isso que ele só se sente em casa dentro do ringue: ali é o único lugar onde a sua verdadeira natureza é aceita e estimulada pela sociedade. Fora do ringue, o touro furioso não se encaixa e vai progressivamente destruindo a única coisa que ainda o caracteriza como um ser humano: a relação com a família. Com a ajuda da fotografia em preto-e-branco e de uma montagem impressionante, as cenas de luta se tornam brutais e realistas. E misturado ao ruído do público sedento de sangue, ouve-se o som de animais. Martin Scorsese nunca foi fã de boxe. Não poderia haver diretor melhor para esse filme.