Monday, March 27, 2006

O Plano Perfeito.

Ontem fui ver o novo do Spike Lee, o Woody Allen da cultura afro-americana. Se bem que com O Plano Perfeito ele deixa definitivamente de lado qualquer semelhança com o seu colega de outra etnia, mas igualmente nova-iorquino e neurótico. A começar pela sala lotada. E foi pra conseguir essa sala lotada do Unibanco Arteplex que o Spike mudou. O Plano Perfeito é o típico cinemão hollywoodiano, onde se percebe aqui e ali alguns toques pessoais do mais famoso torcedor dos Knicks. E ele acaba se revelando um diretor seguro, com pleno domínio da técnica cinematográfica, num filme que conquista o público pelo bom roteiro e personagens carismáticos. Mas pra mim ele peca por um final aquém do que se poderia esperar. A impressão é de que, envergonhados por estarem fazendo uma obra tão comercial, os filmmakers tenham decidido por um final low-profile, cool e tranqüilo demais. Um legítimo anticlímax. Às vezes é melhor não ter vergonha na cara. Mas se o Spike Lee não é mais Woody Allen, ele também não é Michael Bay. E que continue assim, para o bem do cinema. Hum...pensando bem, até que o final de O Plano Perfeito é bem legal. De resto, o filme é um bom aperitivo pra quem já não agüenta mais esperar a estréia de V de Vingança.

Frases de Filmes.

Confira as frases mais inesquecíveis do cinema, numa lista surgida numa troca de e-mails entre amigos doentes.

1. La-di-da. (Annie Hall)
2. Plastics. (A Primeira Noite de um Homem)
3. Toga! Toga! (Clube dos Cafajestes)
4. What we've got here is failure to communicate. (Cool Hand Luke)
5. Iceberg Right Ahead! (Titanic reencenado por coelhos)
6. My Precious. (Senhor dos Anéis)
7. An old man dies. A young girl lives. A fair trade. (Sin City)
8. Peculiar. (Um Estranho no Ninho)
9. Here's Johnny! (O Iluminado)
10. Redrum. (idem)
11. Hasta la Vista, baby! (Terminator 2)
12. Nobody Calls me Chicken. (De Volta para o Futuro 2 e 3)
13. The first rule of Fight Club is you do not talk about Fight Club. (não posso falar de que filme)
14. Leave the gun. Take the canolli. (O Poderoso Chefão)
15. Zed's dead, baby. Zed's dead. (Pulp Fiction)
16. Eu sou um negão tora! (Dublagem Antológica de Pulp Fiction)
17. Eu vou te pegar Balboa! Suas lutas são arranjadas, você é um frangote! (Rocky III)
18. Quem disse que a boca é tua?! (Zé Pequeno - famoso personagem do cinema pornô)
19. O mineiro só é solidário no câncer! (Bonitinha, mas Ordinária)
20. Não me interessa mineiro! (Bonitinha, mas Ordinária)
21. Tá tudo andando pra trás! (Bonitinha, mas Ordinária)
22. Nós temos nossa própria polícia. Você entra na borracha! (Bonitinha, mas Ordinária)
23. Quem me chama de negro morre! (Bonitinha, mas Ordinária)
24. Foi um acidente do tipo especial. (Bonitinha, mas Ordinária)
25. Eu também quero, eu também sou filho de deus. (Bonitinha, mas Ordinária)
26. Qual foi seu michê mais barato? Eu inaugurei o metrô do Rio de Janeiroooo. (Bonitinha, mas Ordinária)
27. Porra, mamãe! (José Wilker, em Bonitinha, mas Ordinária)
28. Larga essa merda, porra! (José Wilker, em Dona Flor e Seus Dois Maridos)
29. Putaqueopariu! Eu sou burro, mas tu é de foder! (José Wilker, num filme brasileiro qualquer)
30. O cara tem um ticulharetão no nuca! (Han Solo falando de Greedo, numa dublagem extra-oficial)
31. A vida... eu gosto dela bem gelada! (comercial de cerveja dos anos 70)
32. Tu é massa, mas eu sou o cara. (Starship Clubbers)
33. Teu eletro é superconsistente. (Piada Interna da Jajá)
34. Acho melhor você parar com esse negócio de fumo de rolo. Vai passar um fariseu e te levar, hein? (O Rapto do Menino Dourado)
35. What's up bitch? what's up, sluts? (filme desconhecido)
36. Cow fucker. (idem)
37. In the fucking eyeball! (idem)
38. Comedor de cocô de tartaruga. (idem)
39. Ah, moleque! AH, MOLEQUE! (idem)
40. Idem. (Ghost)

Thursday, March 23, 2006

Maravilhosa Academia.

E o Oscar de melhor filme do ano de 2005 foi para... o melhor filme do ano de 2005. A vitória do sensacional Crash é a prova de que os velhotinhos da Academia sabem reconhecer um grande filme quando vêem um. E entre tantos acertos nessa história gloriosa, selecionei os dez maiores. Assistam hoje, se puderem.

Casablanca (1942) – filme tão perfeito que é difícil acreditar que antes de 42 ele ainda não existia. O melhor roteiro já escrito, segundo aquele personagem do Brian Cox em Adaptação. A direção, o elenco e a música não ficam muito atrás.
A Malvada (1950) – aula de sordidez e cinismo que continua imbatível mesmo nesses tempos não tão bonitos. Um conto de fadas para adultos, sem redenção nem punição. O mundo é dos espertos. Fazer o quê?
Lawrence da Arábia (1962) – o melhor filme de David Lean. Talvez eu não precisasse dizer mais nada. Mas também tem a melhor trilha da história, fotografia inacreditável, um super elenco, batalhas épicas e nenhuma mulher pra atrapalhar.
O Poderoso Chefão (1972) – talvez o maior filme já feito.
O Poderoso Chefão: Parte II (1974) – eu disse que O Poderoso Chefão era o maior filme já feito? Esquece. Esse é melhor. Aqui Coppola vai mais fundo no seu grande épico sobre o poder e na última cena finalmente entendemos onde ele quer chegar. Mestre.
Um Estranho no Ninho (1975) – Jack Nicholson no papel da sua vida. Mas é a enfermeira Ratched, representando toda a frieza do sistema, que nos causa revolta e vontade de sair correndo pela janela que acabamos de arrebentar com um bebedouro. Fundamental.
O Silêncio dos Inocentes (1991) – o Oscar mais surpreendente até hoje. Poucas vezes no cinema o medo foi tão atraente. Que o diga a estagiária do FBI que fica caidinha por um canibal.
A Lista de Schindler (1993) – o único filme de Spielberg a ganhar o Oscar ainda é a maior obra-prima do diretor. Uma aula de direção, fotografia, música, elenco, terror e esperança.
Beleza Americana (1999) – só mesmo um diretor inglês pra conseguir mostrar com o devido distanciamento e descompromisso o que há por trás da tal beleza americana. E só mesmo um ator pessoalmente complexo como Kevin Spacey pra entender tão bem seu personagem. Um clássico de verdade, muito além das aparências.
O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei (2003) – a trilogia de Peter Jackson termina da melhor maneira possível, mas quando finalmente chega o THE END, a vontade é de que continuasse.

Maldita Academia.

Alguém ainda acredita nesse tal de Oscar? Em toda a história da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o que mais se viu foi uma sucessão de erros e injustiças inacreditáveis. Pra mostrar que aqueles velhotinhos não sacam nada de cinema, aí vai uma lista de 10 vencedores do Oscar de melhor filme que não fariam feio no prestigiado Razzie Awards (aka Framboesa de Ouro).

Melodia da Broadway (1929) – musical dos primórdios do cinema falado. Um filme verdadeiramente desafiador: é quase impossível agüentar até o fim. Serviu pra emprestar algumas canções ao clássico Cantando na Chuva, mais de vinte anos depois.
Cimarron (1931) – western paradigmático: um verdadeiro exemplo de como não fazer um bangue-bangue. Baseado num best-seller de Edna Ferber (ai...) e racista até para os padrões ignorantes da época.
Cavalgada (1933) – Hollywood tentando adaptar uma peça do inglesíssimo Noel Coward só podia dar nisso: artificialismo e bocejos.
Ziegfeld, o Criador de Estrelas (1936) – só o fato de a Academia estar dando seus primeiros passos justifica tantos erros em tão pouco tempo. Esse é uma homenagem a um produtor da Broadway extremamente mau-caráter, com músicas e coreografias patéticas. Lamentável.
O Maior Espetáculo da Terra (1952) – o estilo grandioso e coloridão de Cecil B. DeMille em seu auge. E isso não é necessariamente bom. Uma trama capenga entrecortada por números de circo. Não dá.
A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956) – adaptação do clássico de Jules Verne, onde gente como Frank Sinatra e Marlene Dietrich fazem figuração para o grande astro Cantinflas, espécie de pré-Didi mexicano. A única coisa que brilha nesse filme é a trilha de Victor Young.
Gigi (1958) – tentativa de repetir o sucesso de Sinfonia de Paris, num filme que se passa na mesma cidade, com a mesma atriz e diretor. Mas sem Gene Kelly, sem os irmãos Gershwin e sem talento.
Entre Dois Amores (1985) – hum…Meryl Streep e Robert Redford de casinho nas paisagens do Quênia? Dava uma boa música da Sônia Rocha. A trilha de John Barry é clássica, já o filme não chega nem perto disso.
O Paciente Inglês (1996) – outro exemplo de filme romântico para mulheres adultas numa locação exótica com uma cena de avião. O que o Ralph Fiennes tá fazendo aqui?
Titanic (1997) – super-hiper-mega produção dirigida por uma adolescente romântica de 14 anos que nunca saiu de casa chamada James Cameron. A grande homenagem que a Academia prestou às bilheterias.

Primeira postagem.

Se você está lendo isto, é porque eu perdi a noção. Pretendo usar esse blog apenas pra exercitar meu texto não-publicitário, às vezes bem despretensiosamente, e registrar a minha fixação pelo cinema americano. Ou seja, a princípio, não é pra ninguém ler.