Tuesday, September 26, 2006

Top 50.

Vem aí a lista comentada sobre os meus 50 filmes favoritos. Ela vai sair aos pouquinhos, um post por filme, e de um a três posts por semana. Mas prometo me puxar nos textos. Aguarde.

Monday, September 25, 2006

Click.

Na semana passada fiz uma coisa rara: ir no cinema pela pipoca e não pelo filme. Acabei vendo aquele filmezinho com o Adam Sandler, onde ele pode controlar a vida com um controle remoto. Legalzinho, não perde o ritmo e tem coisas interessantes. Mas eu não consigo achar esse cara engraçado.

Se eu fosse o personagem principal do filme, apertaria no fast-forward quando as eleições estivessem chegando. Todo o processo é revoltante. A impressão que dá é que os candidatos não passam de um bando de gente em busca do poder. Ou pelo menos, de um empreguinho. E nós somos OBRIGADOS a ir até a seção eleitoral, gastando gasolina ou a sola dos tênis, pra ajudar essa gentinha. As pessoas tinham que ter o direito de não participar disso tudo. Só que isso nunca vai acontecer, porque se o voto não fosse obrigatório, o índice de abstenção chegaria a níveis vergonhosos. Não para o povo, mas para os políticos. O que tiraria toda a legitimidade do nosso sistema “democrático”.

Parte da minha revolta vem dessa máfia que controla o PT. A máxima de que “o fim justifica os meios” (utilizada pela esquerda para justificar revoluções e subseqüentes ditaduras) continua impregnando as mentes petistas, que utilizam métodos criminosos para conseguirem o que querem. Sim, eles ainda querem mais igualdade social, acreditem. Mas usam o poder (grana, influência) para impor suas idéias. São autoritários, portanto. Utilizam a democracia para exercerem a ditadura. E se revelaram como o que há de pior no nosso ambiente político.

Votarei em Cristovam Buarque. Por falta de opção, e porque votar duas vezes no Alckmin (no primeiro e no segundo turno) seria um pouco demais.

Mas se eu tivesse um controle igual ao do Adam Sandler, me limitaria a trocar de canal.

Tuesday, September 19, 2006

Preconceito.

Ah, tenho muito. Por mais que eu tente passar uma imagem de cabeça-aberta. Por outro lado, se eu tento passar essa imagem, é porque eu tenho consciência de que o preconceito é ruim. O que já é meio caminho andado.

Não, não fui ver a Parada Livre na redenção. Mas, em compensação, vi um documentário sobre o Freddie Mercury. E, por mais que a música do Queen não me diga nada nesse momento, passei a respeitar muito o cara. Como não vou respeitar alguém que passou a vida fazendo exatamente o que queria? Os meus conceitos sobre rock são insignificantes diante disso. Tem coisas muito maiores e mais importantes.

Grilo Falante: “Chega de ser ciniquinho diante de uma figura que significou tanto pra tanta gente, tá seu Angelo? Agora pede praquele teu colega colocar o A Night at the Opera no temporários, e ouve sem preconceito. Se tu vai gostar ou não? Sinceramente, não é isso que importa.”

Hum...sempre achei que esse grilo era fã do Queen.

Em tempo: não vi esse documentário por acaso. Valeu pela dica, moça. E pelas consequências.

Outro preconceito que eu tenho é contra gente que fala sobre o Jim Jarmusch em mesa de boteco. Sempre achei um sinal absurdo de arrogância, e um excesso de coolzice. Por que esse pessoal nunca comenta a atuação genial do Johnny Depp em Piratas do Caribe? Esse fim-de-semana eu vi Flores Partidas. E adorei. Mas, não...o Angelo tem que se conter e não pode falar do Bill Murray, senão vai parecer cool demais. F...-se. Sim, o filme não é pra todo mundo. Sim, o filme é pra seres pensantes. Sim, o filme é genial. E sim, vou falar dele com meus amigos, sem medo de parecer cool demais e trair meus princípios. Porque esse tipo de “princípio” tem outro nome: a palavrinha maldita que dá título a esse texto.

Monday, September 11, 2006

Novas.

Nem tão novas assim, na real. Só nesse fim-de-semana descobri a série Curb your enthusiasm, graças ao canal de séries da HBO, que tá repetindo tudo que eles já produziram, desde a primeira temporada. E (tirando Os Simpsons, claro) já dá pra dizer que é a coisa mais engraçada que eu vi na TV. Estrelada pelo genial Larry David, co-criador de Seinfeld, fazendo o papel dele mesmo, a série procura mostrar que mesmo um humorista de sucesso pode ter uma vida cheia de problemas (por outro lado, se a vida de Larry David não fosse assim, talvez ele não fosse um humorista de sucesso). O grande achado da série é a cara de reality-show, que torna ainda mais convincente a idéia de que tudo é inspirado na vida real do cara. É impressionante a capacidade que o personagem tem para se meter em problemas. Tudo que ele faz tem alguma conseqüência maior duas cenas mais tarde. E a gente ri impiedosamente.

Hoje é 11 de setembro. Lembro direitinho quando o Daniel Poletto chegou na sala da criação da Competence, falando daquele jeitinho peculiar, que lembra um Hardy-Har-Har sarcástico: “Bah, liga a TV que um avião bateu no World Trade center.” Ligamos a TV a tempo de ver ao vivo o outro avião se chocar com a outra torre. E não se trabalhou mais naquele dia. Cinco anos depois fui ver o filme Vôo 93. E que surpresa. Trata-se de um filme feito com a maior seriedade e respeito, com autênticos propósitos artísticos e humanistas. Tenso e realista do começo ao fim, o filme proporciona uma verdadeira experiência para quem assiste. A gente sente um pouco do que as pessoas envolvidas com o evento sentiram naquele dia. E esse pouco já basta pra dar vontade de sentar num banquinho e chorar pela humanidade. Não chorei. Engoli em seco e fui dar uma banda na Padre Chagas pra relaxar.

Conheci a pouco outro escritor genial. Não pessoalmente, craro. Mas lendo um livro dele, espertinho(a). Comprei Dália Negra, na expectativa pelo filme do Brian De Palma que estréia mês que vem. E entrei no mundo do James Ellroy, com seus policiais durões e femme-fatales. Mas não se limita a um noir comum. Quem viu o maravilhoso Los Angeles – Cidade Proibida (baseado num livro do cara) já pode ter uma idéia do que se trata. Eternamente torturado pelo misterioso assassinato da mãe, o autor não poupa a gente do que tem de pior no lado obscuro da ensolarada Califórnia dos anos 40. E acaba nos deixando irresistivelmente atraídos por tudo isso.

E o Inter, hein?

Wednesday, September 06, 2006

O pior diretor do mundo.

Ok, o título foi só pra chamar a atenção. Óbvio que o pior diretor do mundo provavelmente é um cara de quem ninguém ouviu falar. M. Night Shyamalan não é o pior diretor do mundo. É apenas um dos piores. Dito isso, vamos começar elogiando pra depois descer o pau. Quando vi O Sexto Sentido no cinema em 1999, foi uma experiência rara. Poucas vezes fiquei tão empolgado ao mesmo tempo com o roteiro e a direção de um filme. Quando descobri uma meia hora antes do fim o grande segredo que envolvia a história, fiquei genuinamente emocionado com a inteligência da coisa toda. E fiquei degustando os últimos minutos, esperando o grande momento da revelação. Obra-prima do cinema. Porém...

O Shyamalan resolveu continuar fazendo filmes. E tivemos que ver Corpo Fechado, Sinais e A Vila. Acho que talvez o grande problema do cineasta não seja a falta de talento, mas o fato de ele se achar muito mais talentoso do que de fato é. Isso acaba levando seus filmes a um grau de auto-reverência tão grande que chega às raias do ridículo. Shyamalan leva seu mundinho a sério demais. Spielberg que é o Spielberg deixa transparecer mais humildade na sua obra. Os filmes do Shyamalan sempre têm 107 minutos de duração. Além disso, o diretor é tão pretensioso que não se satisfaz em ficar por trás das câmeras e sempre dá um jeito de mostrar a carinha em seus filmes. O outro famoso por fazer isso atendia pelo nome de Alfred Hitchcock. Preciso dizer mais? Talvez não, mas vou dizer. O final-surpresa, que funcionou tão bem em O Sexto Sentido, virou cacoete, ou como preferem os fãs, marca-registrada. Se Shyamalan não se achasse tão maravilhosamente genial, abriria mão dessa constante repetição de si mesmo. E talvez seus filmes fossem um pouco mais interessantes.

Outra prova de que o ego prejudica a carreira do rapaz é o seu filme mais recente, A Dama na Água. Adaptado de um livrinho infantil de autoria própria, o roteiro foi rejeitado pela Disney como algo que ninguém além dele mesmo ia querer ver. A Warner, ainda acreditando na marca Shyamalan, apostou no filme e deu com os burros n’água. Trata-se de um dos maiores fracassos do ano.

A cada filme, o diretor perde mais uma boa leva de fãs, mas tem aqueles que ainda resistem. Pra esse pessoal, eu sugiro fazer um exercício de abstração: imagine se O Sexto Sentido nunca tivesse existido. Você seria fã do cara assim mesmo?

Uma colega mandou por email o trailer de A Dama na Água, com o texto: “Trailer do último filme de M. Night Shyamalan.” Não resisti e mandei a resposta: “Tomara que seja o último mesmo.”