Monday, July 31, 2006

Pra atualizar.

Fico devendo meu texto sobre a Disney. Talvez no próximo fim-de-semana. Enquanto isso, vou dar uma atualizadinha no que eu andei vendo de bom recentemente. Incluindo filmes da Disney.

Carros – É. Não adianta. O tal “passo em falso” da Pixar me surpreendeu pela técnica, pela narrativa, pelo humor, pela inteligência...enfim. O que era pra ser frio (afinal, estamos falando de um mundo alternativo onde todos os seres “vivos” são veículos automotores) se revelou o filme mais humano da parceria Disney-Pixar até agora. Definitivamente, os caras não erram. Não leve suas crianças. Assim você curte mais.

A Conversação – Meu Deus. Essa obra-prima que eu só tinha visto uma vez com uns 13 anos e não tinha entendido p... nenhuma é simplesmente sensacional. Francis Foda Coppola nos entrega um filme que se compara a O Poderoso Chefão e Apocalypse Now. Uma aula de cinema dada com a ajuda do editor de som e imagem Walter Murch e com uma atuação sobrenatural do grande Gene Hackman.*
* achou os comentários um pouquinho exagerados? Não são.

Piratas do Caribe: O Baú da Morte – O que eu temia não aconteceu. O segundo filme da série só tem um grave problema: dá vontade de ver muito mais. Esses filmes são os substitutos definitivos das aventuras do Indiana Jones. O que significa MUITA coisa.

Clube dos Pilantras – Nunca tinha visto essa semi-clássica comédia com Chevy Chase, Bill Murray e aquele velho que não parava de se sacudir, o Rodney Dangerfield. Não é exatamente um filme, mas uma série de cenas meio desconexas envolvendo um clube de golfe. Umas engraçadas, outras nem tanto. Vale a pena ver de madrugada pra dormir na boa. Mas não merece tanta fama.

Aviso: Tenho visto menos filmes. E talvez isso acabe significando menos posts no seu blog preferido. Mas vou fazer um esforço pra colocar alguma coisa aqui uma vez por semana, mesmo que seja meia-boca e escrita às pressas. Como o post que você acabou de ler.
:-)

Wednesday, July 26, 2006

Disney.

Em breve aqui um texto bem legal sobre a minha relação com essa marca. Mas agora eu tô com preguiça de escrever.

Tuesday, July 18, 2006

Dois DVDs.

Esse fim-de-semana fui pra noite, algo que eu não fazia há bastante tempo. Mas ainda deu pra alugar e assistir dois DVDs que há tempos eu cobiçava, e que pouca gente se aventura a esticar a mão pra tirar da prateleira das locadoras, mesmo que seja só pra olhar o que tá escrito atrás. Cabe a mim, portanto, dizer:
- Coragem, amigos. Vocês não vão se arrepender.
Mas compreendo perfeitamente o receio do povo. Um desses filmes tem um elenco completamente desconhecido, na capa uma mina fazendo uma pose toda brega de kung fu, e a frase mais aterradora que eu já vi num poster: “Eles só querem se portar mal”. No outro filme o elenco não é desconhecido, mas decadente. O que dá no mesmo.
Porém, Serenity e Beijos e Tiros são duas preciosidades. Não vão marcar a sua vida, não têm potencial de clássicos, mas dão aquela satisfação cada vez mais rara de quando a gente realmente se surpreende com um filme.

Serenity - Joss Whedon, criador das séries Buffy e Angel, além de roteirista de HQ, é meio que um ídolo dos nerds lá no país dos nerds. O cara criou uma série de sci-fi pra TV chamada Firefly, que foi cancelada logo nos primeiros episódios. Quando saiu o box em DVD, porém, a série conquistou uma legião de fãs, e a tal de Firefly teve uma nova chance com essa produção caprichadinha pros cinemas. Não se trata de um filme sério. Tem climão de série de TV e de HQ de linha, com piadinhas, personagens carismáticos, lutas marciais e muita ação. Bem escrito, bem dirigido e muito divertido.

Beijos e Tiros - É um policial bem diferente, criativo e engraçado, com o Robert Downey Jr. e o Val Kilmer (volto a repetir: não tenha medo...). É narrado em primeira pessoa pelo personagem do Downey Jr, que fica meio que coordenando o próprio filme, criticando algumas cenas e os clichês que eventualmente aparecem. Cheio de referências ao mundinho do cinema, o filme é legal desde os créditos de abertura, Catch me if you can-style.

Agora respire fundo, encha seu coração de coragem, e vá até a locadora mais próxima. Afinal, a vida é feita de riscos.

Tuesday, July 11, 2006

Os sem-floresta, Stephen King, 24 Horas e Lost.

Embora preferisse ter visto Carros, acabamos vendo Os Sem-Floresta. É que sou um rapaz democrático. E ao mesmo tempo em que a democracia pode causar decepções (como é o caso daquele infeliz que a gente tem que chamar de presidente), ela também oferece boas surpresas. Não que não dê pra esperar pra ver essa animação da Dreamworks no DVD ou até no Telecine. Mas também dá pra pagar o ingresso sem medo pra ver o esquilo dublado por Steve Carrell e outros animais-celebridades em oitenta e poucos minutos bem movimentados e divertidos. E sair do cinema com uma música boa tocando sempre engrandece o filme. No caso, é Lost in the Supermarket, do Clash, numa versão tocada por sei-lá-quem.

Na semana passada, vi três filmes baseados em Stephen King: os maravilhosos Conta Comigo e O Iluminado, além do interessante Louca Obsessão. Quando se vê as coisas assim, reunidas, em perspectiva, fica mais fácil se tirar conclusões. E eu não tenho mais dúvida: é gênio da raça. O cara tem uma baita capacidade de criar histórias originais, tristes e assustadoras, com referências pop e um toque de nostalgia. Como eu escrevi num Orkut desses, King sofre do mal de ser contemporâneo. Por isso, é atingido pelo cinismo da crítica. O mesmo acontece com a J.K. Rowling. Não tenho dúvidas de que, com o passar do tempo, Carries, Christines, Harry Potters e companhia vão virar clássicos da literatura popular. A crítica, ao invés de fazer o serviço de separar essa gente boa de charlatães como o Dan Brown, põe tudo no mesmo saco. Quanto ao Stephen King, vou buscar o que ainda não li dele. E depois postar mais elogios aqui.

O que não dá pra elogiar é Lost. Ontem, com aquele episódio patético e involuntariamente cômico sobre o gordão Hurley e seu amigo imaginário, eu passei a acreditar numa teoria da conspiração, como aquelas que pipocam na internet sobre a série: na verdade, aquilo não tem fãs. É tudo uma grande sacanagem que tão fazendo comigo. O motivo eu desconheço. Enquanto isso, 24 Horas lidera as indicações para o Emmy, incluindo uma de melhor ator coadjuvante para o genial ator que faz o presidente Charles Logan. Até vou buscar o nome do cara na internet, que ele merece. Tá aqui: Gregory Itzin. Guardem esse nome. Quanto a Lost, o Emmy fez o que falta muito pouco pra eu mesmo fazer: ignorou completamente.

Monday, July 03, 2006

Comédias.

Ando muito interessado em comédias ultimamente. Talvez seja pra compensar esse momento triste da vida brasileira, em que o Lula aparece como favorito pra ganhar no primeiro turno mesmo depois de todas aquelas denúncias nada divertidas. Por outro lado, acho que pode ser a fase tranqüila que eu tô passando em 2006. De bem com a vida, rindo à toa, todo engraçadinho. Mas, como eu não quero rir sozinho, fiz uma listinha comentada daquelas comédias que, além de muito engraçadas, também são cinema de primeira. Divirta-se.

Diabo a Quatro (Leo McCarey, 1933) – o melhor e mais doente filme dos Irmãos Marx. O genial Groucho se torna ditador de um país chamado Freedonia (sintam a sutileza), e isso serve de ponto de partida para uma série de sequências organizadas quase como sketches, sem nenhum compromisso com coerência ou com uma história propriamente dita. E numa comédia, isso pode ser muito bom.

Tempos Modernos (Charles Chaplin, 1936) – a falta de sintonia entre o simplório vagabundo e o complexo século 20 é a base dessa obra-prima. Chaplin mostra como os tempos modernos podem tirar o que há de humano no ser humano. Corajoso, nosso herói resiste. E vence. Entre vários momentos geniais, destaque para a cena de Chaplin louco de cocaína (que, é claro, ele havia confundido com sal de cozinha).

Levada da Breca (Howard Hawks, 1938) – Katharine Hepburn. Cary Grant. Um osso de dinossauro. E um leopardo chamado Baby. A melhor comédia romântica de todos os tempos tem Grant vestido de camisola, saltitando e gritando "Because i’m gay!". Preciso contar a trama pra você se interessar?

Quanto Mais Quente Melhor (Billy Wilder, 1959) – Jack Lemmon e Tony Curtis têm que se disfarçar de mulheres para escapar de gângsteres, e acabam entrando para uma orquestra feminina da qual faz parte uma tal de Marilyn Monroe. Com uma colega dessas, como manter o disfarce? Não é comédia. É drama. E tem a melhor frase final do cinema.

Dr. Fantástico (Stanley Kubrick, 1964) – "Gentlemen, you can’t fight in here! This is the War Room." Só a mente estranha de Kubrick poderia conceber esse filme triste, amargo, aterrador...e muito, mas muito engraçado. Com o genial Peter Sellers revezando-se em três papéis inesquecíveis, o filme mostra que muita coisa pode acontecer quando um general sofre de impotência sexual: até a hecatombe nuclear.

Um Convidado Bem Trapalhão (Blake Edwards, 1968) – aqui Sellers faz apenas um personagem, mas já é o suficiente para promover o caos e a destruição. Como o hindu que é convidado por engano para a festa de um produtor de Hollywood, ele não deixa pedra sobre pedra, e ainda faz que não é com ele. Além disso, o filme tem a frase que, pra mim, resume todo o sentido que uma boa comédia tem que ter: "Birdie Num Num."

Primavera para Hitler (Mel Brooks, 1968) – Max Bialystock e Leo Bloom (adoro esses nomes) decidem montar a pior peça da história da Broadway para embolsar a grana dos investidores (um bando de velhinhas taradas). Com essa trama, Brooks inaugura no cinema a era do humor grosseiro e politicamente incorreto. E faz isso com um brilho difícil de ser igualado. Ainda tem Gene Wilder, machucado, molhado, e histérico.

MASH (Robert Altman, 1970) – a mais contundente crítica ao militarismo já feita pelo cinema é essa comédia passada num acampamento de cirurgiões durante a Guerra da Coréia. Obrigados a estarem ali, esses médicos não desistem das boas coisas da vida. E entre transfusões de sangue e amputações, eles arranjam tempo pra sacanear uns aos outros e correr atrás de enfermeiras peitudas.

Banzé no Oeste (Mel Brooks, 1974) – nessa sátira aos faroestes, Brooks testa todos os limites do bom gosto. Que outro diretor conseguiria fazer alguém rir de uma velhinha sendo brutalmente espancada? E de um grupo de cowboys mostrando as conseqüências fisiológicas de uma boa feijoada? Negros e homossexuais também não escapam das piadas, mas o que o filme passa mesmo é uma bela mensagem de tolerância do judeu Mel Brooks.

O Jovem Frankenstein (Mel Brooks, 1974) – a obra-prima do diretor. Aqui, a costumeira (e sempre bem-vinda) grosseria de Brooks encontra equilíbrio com a ambientação sofisticada e a fotografia em preto-e-branco, que remetem aos filmes de terror da Universal nos anos 30. Com um Gene Wilder absolutamente brilhante, a homenagem supera a paródia. E você nunca mais vai dizer "Frau Blücher!" sem imaginar cavalos relinchando logo em seguida.

Monty Python e o Cálice Sagrado (Terry Gilliam, Terry Jones, 1975) – a tradicional lenda de Rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda. Numa versão que inclui um coelhinho assassino e cavaleiros que dizem "Ni". E exclui os cavalos. O auge do nonsense britânico num filme em que a doença começa nos créditos de abertura e vai até o final, se é que dá pra chamar aquilo de final.

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Woody Allen, 1977) – o melhor, mais inspirado, mais inteligente, e claro, mais engraçado filme do neurótico preferido dos fãs de cinema. Aqui tudo funciona perfeitamente, menos a relação de Alvy Singer com Annie Hall, que nada mais é do que um retrato de todas as relações entre pessoas inteligentes. No fim fica um gostinho amargo, e a frase repleta de significados que dá nome a esse blog.

Clube dos Cafajestes (John Landis, 1978) – o filme que deu origem às comédias estudantis é uma elegia à anarquia comandada pelo fantástico John Belushi, como um dos líderes da fraternidade Delta, a vergonha da universidade. A obra-prima do diretor John Landis ensina que para todos os problemas dessa vida sempre existe uma solução: a festa da toga romana. "Toga!"

1941 (Steven Spielberg, 1979) – a única comédia dirigida por Spielberg foi um fracasso de crítica e bilheteria. Vista hoje, essa superprodução que reúne alguns dos melhores nomes do humor americano da época (destaque para John Belushi), resiste e ganha força. É uma crítica velada à paixão que os americanos têm pela guerra. Quando um submarino japonês se aproxima da costa californiana, a vidinha comum dos moradores da região se torna caótica e muito mais divertida.

A Vida de Brian (Terry Jones, 1979) – aqui o alvo do humor do Monty Python é ninguém menos que Jesus Cristo. Ou quase. Na verdade, sobra pra todo mundo na história de Brian, que nasceu no mesmo dia que JC, e volta e meia é confundido com o messias. Claro que ele termina crucificado. E é na cruz que ele canta alegremente com seus companheiros de infortúnio: "Olhe sempre pro lado bom da vida." Jesus nunca disse algo tão legal.

Apertem os Cintos! O Piloto Sumiu... (Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker, 1980) – chame velhos canastrões como Peter Graves, Robert Stack e Leslie Nielsen, esqueça de avisar a eles que se trata de uma comédia, e você tem um dos filmes mais engraçados da história. Claro que não foi assim, mas poderia ter sido. O trio de diretores pegou o humor de Mel Brooks e deu um passo adiante, nessa sátira aos clichês dos filmes-catástrofe e do cinema em geral. Dicas: nunca confunda um co-piloto com o Kareen Abdul-Jabbar, não cometa o erro de comer peixe em aviões, e jamais chame Leslie Nielsen de Shirley.

Os Irmãos Cara-de-pau (John Landis, 1980) – John Belushi e Dan Aykroyd estão em missão para Deus, nessa ensandecida homenagem à música negra americana. Para ajudar um orfanato, os irmãos Jake e Elwood Blues precisam juntar a sua antiga banda. No caminho, esbarram em lendas como James Brown, Aretha Franklin, Ray Charles, John Lee Hooker e Cab Calloway. E ainda sobra um tempinho para destruir Chicago.

Tootsie (Sydney Pollack, 1982) – para mim, esse filme tem simplesmente a melhor atuação da carreira de Dustin Hoffman, no papel do ator que tem que fingir que é atriz para ganhar um papel numa novela. E é uma das raras comédias em que o lado sério é ainda mais interessante que o cômico: só vamos entender as frustrações e os sentimentos das mulheres se conseguirmos nos colocar no lugar delas. Billy Wilder passou por aqui.

Férias Frustradas (Harold Ramis, 1983) – a família Griswold aproveita as férias para cruzar o país de carro em busca do parque temático Wally World. O pai é Chevy Chase. O resto você imagina.

Os Caça-fantasmas (Ivan Reitman, 1984) – pesquisadores universitários de fenômenos paranormais decidem partir para um negócio muito mais lucrativo, justamente quando Nova York se vê subitamente invadida por tudo que é tipo de alma penada. Bill Murray e o resto do elenco brilham com personagens bem construídos. Os absurdos se sucedem em progressão geométrica até a aparição de um gigantesco e destrutivo (porém fofinho e sorridente) homem de marshmallow.

Um Tira da Pesada (Martin Brest, 1984) – Começa com The Heat is On. Depois entram pérolas das Pointer Sisters e Patti LaBelle, seguidas da inesquecível Axel F, instrumental ícone dos anos 80 composta por Harold Faltermeyer. E até agora eu só falei do CD. O filme em si tem Eddie Murphy no papel da sua vida, bananas em canos de escapamento, e o melhor personagem-de-uma-cena-só da história do cinema: Serge.

Curtindo a Vida Adoidado (John Hughes, 1986) – "Bueller?... Bueller?... Bueller?". O diretor e roteirista Hughes (mestre do cinema adolescente dos anos 80) nos mostra alguns motivos para matar a aula: ir a um jogo de baseball; visitar um museu de arte moderna; almoçar em um restaurante finíssimo com o cartão de crédito dos pais; cantar Twist and Shout durante um desfile; ver o seu amigo Cameron ficar catatônico; e assistir a esse clássico absoluto na Sessão da Tarde.

Feitiço do Tempo (Harold Ramis, 1993) – o homem do tempo interpretado por Bill Murray detesta fazer a cobertura anual do Dia da Marmota. Imagine então quando ele descobre que, por algum motivo inexplicável, está preso nesse mesmo dia, eternamente. No filme, bem ao estilo dos clássicos de Frank Capra, o que inicialmente é quase um pesadelo acaba fazendo com que ele se torne uma pessoa melhor. A repetição de situações nunca torna o filme chato. Pelo contrário. Isso que é mágica.

Entrando numa Fria Maior Ainda (Jay Roach, 2004) – sou dos poucos que preferem essa continuação ao filme original. Mas o motivo é simples: agora, além de Robert De Niro, também tem os respeitáveis Dustin Hoffman e Barbra Streisand praticando um humor rasteiro, vulgar, e muito engraçado. Mas a melhor piada talvez esteja nos extras do DVD. É quando Hoffman desabafa: "E pensar que eu entrei nesse ramo para fazer Shakespeare...". Mestre.

Todo Mundo quase Morto (Edgar Wright, 2004) – um aterrorizante filme de zumbis recheado do mais puro humor inglês. A melhor comédia do século até agora deixa várias perguntas no ar: 1) vale a pena se desfazer da sua coleção de discos para evitar o ataque de um morto-vivo? 2) por que em outros filmes ninguém nunca tinha pensado em escapar de zumbis fingindo ser um...zumbi? 3) Queen é mesmo a trilha ideal para linchar zumbis em um pub? 4) quando veremos de novo um filme tão engraçado e inteligente?

Essas são as melhores comédias de todos os tempos, na minha opinião. Mas talvez nada seja tão engraçado quanto o desempenho do Brasil contra a França.